terça-feira, 22 de abril de 2014

Abril !

Gosto de Abril. O sol brilha mais, a primavera , mesmo com uns dias mais nublados, desponta, as flores começam a desabrochar por todo o lado, desde os vasos esquecidos em escadas e varandas até aos jardins mais ou menos cuidados e nos campos crescem flores de todas as cores, gostando eu sobretudo das giestas amarelas que ladeiam tantas estradas por esse país fora. 
Gosto de Abril. Um mês em que cravos vermelhos andaram de mão em mão, pousaram em espingardas de soldados, sorriram para um povo acomodado, encheram corações de esperança, libertaram homens e mulheres de carácter que habitavam prisões construídas por homenzinhos e lacaios nojentos do poder.
Gosto de Abril. Um mês em que as saudades moram em mim, de manifestações alegres, coloridas porque a guerra acabaria, as crianças cresceriam em liberdade, as lutas eram genuínas, nasciam e viviam da esperança de um futuro que sonhava há muito. 
Não gosto deste Abril de 2014, porque os cravos já perderam a cor, a tristeza inunda as ruas e campos, o cinzento roubou o lugar do vermelho dos cravos, os letreiros de "vende-se" substituíram a vitalidade da esperança, homenzinhos e lacaios do capital tomaram estes campos de assalto, as manifestações são tristes, os jovens partiram e os velhos ficaram e são sacrificados diariamente sem pejo algum , a justiça continua ao serviço dos poderosos.
Portugal não merece o Abril que recordo e que vive em mim.

Onde estás, Pai?

19 de Março , dia do Pai.. As datas podem não significar nada , mas perturbam o nosso estar , muitas vezes.
Hoje, acordei com uma saudade enorme enchendo- me o coração... saudade do meu Pai.
À medida que o tempo vai passando, recordações da minha infância e das palavras que sempre escutei proferidas por ele , vão tomando conta da minha mente.
E hoje compreendo-as melhor que nessa época . Há valores que me integraram de tal modo e que sempre o vi praticando , que ainda hoje, me perseguem e dos quais não consigo prescindir. Nem quero , nem sou capaz.
Segundo a minha Mãe, uma conciliadora nata, que resolvia todos os problemas , fingindo que nada se passara, ele era teimoso e eu " saía a ele ", comparação que não me agradava nada, pois recusava-me a ser teimosa.
Hoje, constato que essa teimosia também me pertence . Não sou capaz de fingir o que não sinto. Mesmo que tentasse, os meus olhos denunciar-me-iam .
Quantas vezes, em jantares de familia, o vi refugiado em poucas palavras para não perturbar a " boa disposição” , algumas vezes , fingida , que reinava e que a mnha mãe ignorava, por sobrepôr a emoção à razāo. E a minha mãe era chamada de "santa” tia, "santa” irmã, "santa” vizinha.
A frontalidade dele nem sempre era entendida .
A preocupação por um mundo mais justo era uma constante na sua vida.
Recordo as idas dele até à Covilhã para acompanhar os comicios da Oposição ao regime de Salazar e os medos da mãe , que manifestava em palavras nem sempre agradáveis , ignoradas por ele " oh mulher, não te enerves , que não vale a pena "
E coninuava , com precaução, o seu apoio
ao General Humberto Delgado , porque "esta vida não pode ser só para alguns ".
Eu tinha de estudar porque só assim podia
ser independente ... "Não quero que as minhas filhas dependam de um homem para viver " - palavras que me seguiram toda a vida, embora sempre tenha admirado a contradição dele , que não permitira que a minha mãe trabalhasse fora de casa . Hoje, não sei se , afinal, esse não era o real desejo da minha mãe, que tanto gostava de estar em casa . "Quem me tira a minha casinha, tira- me tudo” e dada a minha propensão em procurar espaços fora , costumava dizer " a minha filha. é como o pai. Tem medo que a casa lhe caia em cima "
Hoje, Dia do Pai, compreendo bem melhor o que não entendia , há muitos anos . Assim é a Vida , vamos sempre aprendendo .
Onde quer que estejas , Obrigado , Pai pelo que aprendi contigo .!

terça-feira, 8 de abril de 2014

Ainda a Ucrânia...

O actual governo da Ucrânia foi apadrinhado pela União Europeia e EUA depois de manifestações violentas , consideradas legítimas porque emanadas da população civil. Actualmente, outras cidades ucranianas seguem o exemplo, manifestando-se  e são reprimidas com violência e prisões. Onde estão os defensores das manifestações populares? Já não são representativas ? Basta de hipocrisia!

A hipocrisia dos empresários portugueses...

Ouvir o ex patrão dos patrões - Van Zeller - falar da putativa subida do salário mínimo, apenas me ocorre um comentário ... Se há empresas que não conseguem sobreviver , pagando 500 euros mensais, é melhor que FECHEM de vez...