segunda-feira, 6 de novembro de 2017

Há dias assim...

Sentada no café do costume, a meio da manhã, pensava no que havia decidido fazer, ao acordar. Hoje seria terapia da cor, o que, para mim, significa borrar com cores as flores do quadrinho de cerâmica que me espera na metade da varandinha, convertida em estúdio, com algum vento que me visita por entre uma pequena fresta. 
As flores estão ali, aguardando as cores que a minha disposição quiser mais do que as cores que a natureza lhe concedeu. Isto das cores, tem que se lhe diga. Nem sempre gostamos das mesmas e as circunstâncias em que a opção é feita também pode ser determinante na escolha. Pensemos no "preto".... se o deixarmos  perto  de outras , tem um papel de realce dessas outras. Se o utilizarmos só,   para a maioria das pessoas comuns ,  significa tristeza, luto... Logo, as cores usadas para borrar as flores dependerão essencialmente da disposição, do maior ou menor prazer que o meu olhar sentir no momento exacto em que segurar o pincel...
Na esplanada, com o café na mesa, acompanhada apenas por uma senhora, que não conheço, apesar de se tratar de um café de bairro, na mesa do lado, falando ao telefone. 
"Agora, estou aqui a tomar café. Depois, passo por lá. Não me apetece estar a aturar o meu marido hoje. Vou aí , está bem?"
Não faço a mínima ideia de onde é esse "lá" e "aí" mas isso também não é importante para o caso. 


Afinal, esta frase pode significar muita coisa tal como a cor "preta" que eventualmente possa escolher para as flores de cerâmica que me aguardam na mesa de pinturas. Tanto podem referir-se a uma situação irreversivel no casal como a uma mera necessidade de espaço por um dia ou horas ou minutos... só a senhora o saberá ou é apenas uma situação momentânea de disposição... quem sabe


E parece que a minha disposição
para borrar as flores com tintas decididas , no momento, regressou...
A varanda , os pincéis, as flores esperam-me... Há dias assim...

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